As frustrações são inevitáveis em nossas vidas e aprender a lidar com elas de forma funcional e adequada é o grande diferencial para uma vida mais leve. Pessoas que aprenderam, em suas experiências, a lidar com adversidades e tolerar frustrações, geralmente apresentam uma satisfação maior com suas vidas e suas conquistas. Além disso, há um considerável aumento da qualidade de vida, devido a saúde dos relacionamentos interpessoais e da própria vida emocional.

 

De maneira geral são pessoas mais otimistas, que conseguem enxergar uma situação de vários ângulos e conseguem agir estrategicamente e criativamente. Ou seja, diante de situações frustrantes, essas pessoas não ficam reféns de suas emoções e consequentemente conseguem planejar alternativas e mudanças de planos.

 

A maneira como uma pessoa lida com frustrações é aprendida durante as suas experiências pessoais. A dificuldade em lidar com essas situações pode ser reflexo de um ambiente muito protegido, onde a criança ou adolescente não foi exposto a situações onde seus desejos não eram atendidos, ou as consequências de suas ações não eram assumidas pela própria pessoa.

 

Pessoas pouco tolerantes a frustrações podem produzir mais conflitos em seus relacionamentos, muitas vezes afastando o outro, exatamente pela necessidade em ser atendido em suas expectativas e desejos.

 

Muitas pessoas passam a vida tentando evitar frustrações, mas não existe uma forma de evitá-las pois elas fazem parte das experiências de vida. Somente quem aceita essa condição e passa por frustrações e adversidades pode aprender a lidar com elas e a desenvolver a resiliência.

 

De acordo com Steven Hayes em seu livro “Get Out of Your Mind & Into Your Life” quem procura evitar frustrações limita suas experiências e abdica de oportunidades, assim como em todo sentimento considerado negativo, como angústia, tristeza ou medo, a busca para evitar a dor, nos leva à esquiva experiencial, ou seja à esquiva dos próprios sentimentos e consequentemente à esquiva da própria vida, pois lutar consigo mesmo buscando não ter sentimentos é uma luta perdida, seria a tentativa de anular uma parte do ser humano.

 

 

Expectativa: vilã ou aliada?

As frustrações não podem ser evitadas completamente, mas você também não precisa ser um colecionador de frustrações. Algumas pessoas acreditam que ter expectativas pode aumentar o nível de frustração, porém se você aprender a alinhar expectativa e realidade, com certeza irá sofrer menos com a frustração. Quando tiver uma expectativa, a primeira pergunta a ser feita é se essa expectativa é realizável, ou não. Pois, se for uma expectativa real e possível, ela funcionará como um combustível para a realização das metas, o que é importante e necessário para o desenvolvimento de nossos objetivos, sendo assim uma grande aliada na realização de conquistas e objetivos.

 

No entanto, se as expectativas forem inatingíveis, irrealistas ou rígidas demais a frustração virá pela impossibilidade de atingir aquilo que se desejou. Por exemplo, um objetivo como nunca errar no ambiente de trabalho, é uma meta que está fora do controle, pois errar é um comportamento muitas vezes inevitável. Além do excesso de expectativas, ou da frequência de metas irrealistas ou muito rígidas, a baixa tolerância às frustrações e dificuldade de lidar com erros ou com aquilo que foge ao seu controle é um agravante.

 

Expectativas nos movem à realização. Se iniciamos um curso, por exemplo, nossa expectativa será no mínimo conclui-lo e ter retornos desse investimento. Para que as expectativas sejam aliadas e não inimigas nessa situação o ideal é equilibrar expectativas com a realidade, ou seja, se perguntar se esse objetivo é possível de ser alcançado e quais comportamentos serão necessários para se chegar na realização. Afinal, apenas ter expectativas e não se engajar em comportamentos que estão de acordo com o caminho não trará a realização.

 

 

Como lidar com as frustrações?

A melhor forma de lidar com as frustrações é ter um olhar otimista realista. O que alimenta a frustração são os pensamentos automáticos negativos (PAN´s), que são pensamentos distorcidos que alteram o nosso humor, por exemplo: “Nada dá certo pra mim”; “Eu sou um fracasso”; “Só acontece comigo”, “Eu não nasci pra dar certo”.

 

Nem tudo que pensamos condiz com a realidade, por isso, é importante questionar esses pensamentos e enfrentar a frustração.  Algumas perguntas que podem ajudar:

– O que de pior pode acontecer?

– O que de melhor pode acontecer?

– O que é mais provável que aconteça?

– Qual a importância disso daqui a um ano? E daqui a 5 anos ou 10 anos?

– Essa preocupação é produtiva ou improdutiva? Estou me preocupando demais com coisas sobre as quais tenho controle ou sobre as quais tenho pouco ou nenhum controle?

– Pensar assim, me ajuda ou me atrapalha a realizar as minhas metas?

– Como outra pessoa reagiria?

– Que conselhos eu daria para alguém nessa mesma situação?

 

Frustrações além de vir com uma carga emocional, muitas vezes intensa, carrega também uma carga de aprendizagem e desenvolvimento que são muito importantes, para o crescimento pessoal. Nessas ocasiões aprendemos a reavaliar os planejamentos, desenvolver tolerância, flexibilidade psicológica, resiliência e promovemos uma possível mudança de comportamento.

 

Martin Seligman em seu livro “Aprenda a ser otimista”, apresenta vários estudos enfatizando como uma visão negativa das coisas influencia no nosso potencial de realização e nos deixa mais propensos a doenças, enquanto um estilo explicativo otimista pode influenciar positivamente na atividade do sistema imunológico, na melhora do bem estar físico, na proteção contra a depressão e aumentar sua capacidade de realizar, além de ser um estado mental muito agradável de se desfrutar.

 

 

Como você lida com as frustrações?

Confira o teste publicado no site UOL Mulher (CLIQUE AQUI), elaborado com a colaboração das psicólogas Thaís Vilela e Karen Morais.

 

Referências:

Hayes, S. (2005) Get Out of Your Mind & Into Your Life

Seligman, Martin E.P. (2005) Aprenda a ser otimista

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